quarta-feira, abril 01, 2009

Presentes

o presente é um presente de grego
um cavalo de tróia
uma armadilha barata
e não dou confiança pra ela

tudo que eu tinha que fazer
é pensar nele
pois é ele que está presente
mas prefiro olhar para o futuro
igual minha teimosia em olhar
para aquela que não mer quer
do jeito que quero que me queira

aí olho para trás e remexo velhos baús
rasgo velhas feridas
desejo a velha máquina
que me faria corrigir velhos erros 
fantasio com traças e me atenho à ferrugem
me esbaldando com tesouro que some
assim como somem pessoas
assim como some o sentido das coisas

eu queria abrir o presente e me satisfazer
mas sou insensato
não abro o presente, guardo-o
como um monumento ao meu desespero
como uma homenagem morta ao medo
medo de que os sonhos morram
e os planos esfarelem

se Deus alimenta os pássaros e veste os lírios
só peço a Ele que me faça esquecer 
o ontem e o amanhã

engraçado, há poucos anos eu amava presentes
e amanhã, será que voltarei?
(tá vendo? já tô olhando pro futuro de novo)

4 comentários:

Maycon Luzan disse...

Poesia do caralho essa heim man.!

Estelle disse...

eu adoro tudo nesse blog

laura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
laura disse...

Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.


O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas

como cousas.


Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a essência de ver, que não é nenhuma.”