segunda-feira, novembro 15, 2010

O Chefe


- Opa chefe, tem um desses pra me descolar? – um homem com cabelos lisos e oleosos, com cavanhaque suspeito e óculos surrados se aproximou apontando para meu cigarro.
- Quem tem chefe é índio, amigão... – e sentei a mão na cara do homem estranho.
Ele caiu rapidamente, mais pelo susto que pela força. Eu nunca venci uma briga, nem em meus sonhos. São frequentes os sonhos onde apanho, ou então, na melhor das hipóteses, bato em alguém porém sem força alguma. Acordo me sentindo impotente, levemente desesperado, pensando na fraqueza dos meus socos. Enfim, o homem sentou-se com a palma da mão esfregando a maçã do rosto, claramente transtornado.
- Eu pedi um cigarro... – o homem tentou se erguer, falando com voz mansa.
- Tome – estendi minha mão entregando dois cigarros ao pobre diabo - pegue um de brinde.
- Eu merecia um maço por isso.
- Vá tomar no cu, rapaz. Não tente me explorar – ergui novamente o braço para ajudá-lo a levantar.
Ele se ergueu, limpou a parte traseira da calça e o ombro direito. Acendeu um cigarro e ficou me fitando com expressão atordoada. Deu três longas tragadas e olhou para baixo.
- Eu to cansado de ser escorraçado. Eu já fui um bom professor de história. Mas acho que ler aquelas merdas de Marx e Engels só contribuiu para minha ruína. Você não pode lutar contra o sistema.
- Bom Deus, você é comunista? – perguntei enquanto me distraía com uma mulher rabuda que passava pela calçada no outro lado da avenida.
- Sou. Mas como eu acabei de dizer, não há como lutar contra o sistema.
- E o que faz hoje em dia?
- Simplesmente ando por aí. Não pertenço ao sistema, não pago impostos para esses bandidos...
- E nem trabalha – interrompi o homem.
- Nem trabalho – complementou com olhar soturno –, mas não por falta de oportunidades. Simplesmente não vou me entregar ao jogo.
- Então você resolveu mendigar, pedir cigarros e bebida pra gente desconhecida?
- Em tese sim. Participo aleatoriamente de passeatas, manifestações e tento me manter longe da confusão. Mas como você vê, vivo me fodendo.
- Vamos ali naquele boteco – apontei para a pocilga – te pago uma cerveja.
- Ta querendo me comer, é? – agora o homem sofrido me olhava confuso.
- Ta querendo morrer? Acha que quero enfiar meu pau no seu cu sujo de pedinte?
- Tomo dois banhos ao dia. Sou limpo.
- Você ta querendo dar a bunda?
- Ta louco? Você que ta querendo me pagar cerveja.
- E você ta dizendo que é limpinho... Precisa dar satisfação pra mim?
- Só quis explicar que não sou um porco.
- Tudo bem, foda-se. Vai querer uma cervejinha?
- Ta certo, chefe.
Acertei um soco oportunista na região do fígado do homem estranho. Ele grunhiu e praguejou algumas curtas palavras. Suas pernas tremiam enquanto se encurvava. Tossiu por alguns segundos e cuspiu uma bola considerável de catarro esverdeado.
-Eu já disse te disse que quem tem chefe é índio, seu malandro.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos ao boteco.
Atravessamos a avenida sem trocar palavras. Eu estava aproveitando o momento. Eu era o fortão, o violento.  Eu era o cara mau da história e estava gostando da sensação. Há muito tempo não andava de rosto erguido. Utilizei de alguns trejeitos para simular uma virilidade exagerada. “Eu poderia ser assim para sempre”, pensei. Mas olhei para meus braços finos e decidi que seria assim somente diante do comunista indigente.
Chegamos à espelunca que chamavam de boteco e sentamos diante de uma mesa de ferro vermelha, patrocinada pela Brahma. As cadeiras, também de ferro, apresentavam sinais de ferrugem em estado avançado. Um homem obeso não poderia utilizar uma cadeira como aquela. Ergui minha mão e fiz sinal para o atendente, solicitando uma cerveja. O atendente me olhou com o rosto traçado pelo marasmo e me chamou ao balcão. Reclamei em voz baixa e fui rapidamente saber o que ele queria.
- Olha aqui, chefe... Nós não servimos cerveja na mesa. Tá vendo algum garçom por aqui? – enquanto falava, gesticulava como se quisesse me mostrar algo.
- Do que você me chamou?
- Chefe...
Peguei um chumaço de cabelos do atendente e os puxei até o balcão, fazendo sua testa estalar contra a superfície dura. O impacto gerou um pequeno estrondo.
- Quem tem chefe é índio, seu puto – dizendo isso, acendi um cigarro e olhei para o homem ainda desorientado. Soprei fumaça em sua cabeça e novamente puxei seus cabelos – Agora você vai nos servir a cerveja na mesa, você me ouviu?
- Sim, agora me solte! – sentia o desespero dele vibrando em meus nervos.
O homem se recompôs, arrumando o cabelo. Caminhou até a geladeira e buscou uma Brahma gelada. Abriu a garrafa e a deixou em nossa mesa.
- Sirva nossos copos, seu palerma! – dessa vez deixei minha frieza de lado e me exaltei.
- Não é necessário, eu sirvo – o comunista se antecipou fazendo gesto apaziguador.
- Quando eu pedir para um comunista intervir em assuntos de boteco, eu te chamo. Mas por hora, fique na sua.
- Você é um cara estranho. Você me dá pena.
- O pedinte na história é você, eu tenho pena de você.
Enquanto isso, o atendente ficava pardo ouvindo nossa discussão.
- Não fique parado aí! – apontei meu dedo indicador, torto na ponta, para a cara do atendente.
- Pois não – e lentamente o atendente despejou cerveja em nossos copos.
- Ah! Finalmente um pouco de classe nessa maloca do caralho! – enfim despejei algumas palavras denotando prepotência e desprezo.
- Meu Deus do céu... – o andarilho vermelho lamentava discretamente por todas as minhas atitudes.
- Você é comunista, seu homem ruim. Você não acredita em Deus.
- É uma expressão que todo mundo usa.
- Pro inferno com as expressões! Vamos beber!
O atendente pediu licença e eu consenti. Um grande galo se formou em sua testa. Eu dei uma risada de satisfação e peguei um palito de dentes. Comecei a mordiscá-lo deixando a pequena peça de madeira repousada no canto de minha boca.
- Você quer um emprego? Posso te conseguir – inquiri a triste figura que bebia comigo.
- Eu já disse que não me faltam oportunidades. Eu não vou me entregar à esse sistema falido
- Sistema? Cara, desde que o mundo é mundo, existem fortes e fracos. Sempre vai valer a máxima: “quem pode manda, quem tem juízo obedece”. Não adianta se excluir e achar que está fazendo algo.
- Eu tenho o direito de fazer o que quiser com minha existência.
- Direito? – fiz um ruído de desprezo com meus lábios – Balela! Você deveria agradecer ao bom Deus a graça de poder existir. E eu deveria blasfemar contra todo tipo de divindade por causa de sujeitos como você.
- Qual é o problema com sujeitos iguais a mim? – dizendo isso, tirou seus óculos e limpou as lentes utilizando hálito e a camisa.
- Sujeitos como você são ditadores enrustidos. Se dessem o poder à vocês, vermelhos desgraçados, vocês iriam cortar todas as liberdades básicas do povo, dando pão e salsicha de comida e trabalhos braçais que não tem nada a ver com nosso tempo.
- O que tem a ver com nosso tempo?
- Tecnologia. Você viu os avanços da nanologia? Os chips estão cada vez menores e armazenando cada vez mais dados. A internet, os serviços... o ser humano está evoluindo, trabalhando com a mente e deixando as máquinas cuidarem do esforço.
- O homem está ficando obeso e relaxado, é isso o que acho.
- Mas é a maldita evolução das espécies, pelo amor de Deus! – ensaiei uma levantada triunfal, erguendo os braços, detendo a razão em minhas mãos, mas eu estava muito próximo à mesa e percebi que o movimento demandaria mais habilidade. Desisti.
- Evolução. O homem estagnou. Ele não evoluirá mais. Somente o socialismo poderá nos levar rumo à uma sociedade mais justa. Esse papo de evolução trata o homem como um indivíduo. Precisamos pensar no coletivo! – Agora o revolucionário de meia pataca estava se exaltando – O egoísmo está fodendo com a base da sociedade, está destruindo a família!
- Calma, aê, sua imitação barata de Che Guevara – acalmei seus ânimos fazendo sinal de silêncio com o dedo indicador torto – Por que você não mata um presidente? Por que não monta uma guerrilha armada?
- E quem se juntaria á mim? São todos revolucionários de butique.
- E você é um revolucionário exemplar? Você não passa de uma ruína ambulante. Só isso.
- Olha aqui, chefe...
Peguei meu copo preenchido com cerveja até a metade e esparramei o líquido dourado no rosto dele. Ele prontamente esfregou os olhos e deu um soco na mesa pois sentiu as bolhas de gás da cerveja estourarem em seus olhos. Mas sua revolta foi abafada por um tapa que desferi em seu rosto, com as costas de minha mão direita. Ele gemeu levemente e desviou seu olhar para um cartaz de cerveja. A mulher no cartaz era gostosa.
- Quem tem chefe é índio. Eu já te disse, seu comuna vagabundo. Mas nunca te disse uma coisa: você parece com o Trotsky, sabia? – acendi outro cigarro.
- É, eu sei. Quem conhece o Trotsky sempre me diz isso.
- Pois então te chamarei de Trotsky. Ou prefere Leon?
- Eu prefiro meu nome, Demétrio.
- Que nome ridículo. Seus pais estavam de ressaca quando te registraram, aposto minhas bolas nisso.
- Provavelmente isso é verdade, pois eles era alcoólatras.
- Pais alcoólatras... você só poderia ter virado comunista – deixei aflorar mais um pouco de minhas inclinações de extrema  direita – pelo menos não virou poeta ou vegetariano. Embora vocês todos, no final das contas, não passam da mesma coisa.
- E qual é o seu nome? Posso saber?
- Artur. E quero ver meu nome tatuado no seu rabo – soprei fumaça na cara dele.
- Artur, você é uma espécie de neo-nazista? Integralista? Pertence a alguma frente nacionalista?
- Pro inferno com a política e suas ideologias, Trotsky.
- Me chame de Demétrio – me interrompeu enquanto furtava um cigarro de meu maço.
- Não, seu nome é Trotsky. E pare de se aproveitar de meus cigarros, seu meliante.
- Você fala como um militar dos anos 50. Isso é repugnante.
- E você se veste como um comunista dos anos 20. Parece os políticos do Partido da Causa Operária ou do PCB.
- O velho partidão... Remanescente das ideias do grande Luis Carlos Prestes!
- Luis Carlos Prestes... – fiz novo ruído de desprezo com os lábios – Perambulou pelo Brasil e não fez porra nenhuma... – coloquei mais cerveja em meu copo, esperando a resposta que o bastardo me daria.
Ele não respondeu. Ajeitou os óculos em seu rosto e pediu licença. Levantou-se lentamente e caminhou até o balcão. Seus sapatos eram surrados, como os de um vagabundo americano dos anos 30. Usava um blazer grosso de algodão com os cotovelos de couro, típico de um professor fracassado com tendências esquerdistas. Dei uma risada de deboche ao perceber que ele conversava em voz baixa com o atendente. O galo na testa do atendente era evidente e vergonhoso. Os dois conversavam sem dar pista do que poderia ser o assunto. Comecei a ficar intrigado.
- Meninas, podem parar de confidenciar a cor de suas calcinhas? Seu imprestável, traga mais cerveja aqui na mesa!
Ninguém me respondia. Coloquei outro palito de dentes na boca e me irritei. Eu estava extremamente embriagado pelo poder que o testosterona proporcionava.
- Seus paspalhos! O que vocês estão confabulando? – utilizei de meu vocabulário inadequado para impressionar um pouco.
Eles se voltaram para mim e ficaram parados, inexpressíveis e imóveis. Trotsky tinha um par de óculos opaco e riscado e aquilo me deixava indignado. Nunca confie num homem de óculos sem brilho. Tentei insultá-los mais um pouco, mas nada os fazia alterar a expressão.  Fiquei enfezado e quando me preparava para levantar e dar uma lição naqueles homens mal-criados. Mas eles foram mais rápidos e se correram em minha direção. Levantei-me derrubando a mesa, fazendo um obstáculo para meus agressores. Funcionou melhor do que eu esperava. O comunista caiu no chão, em cima de seu ombro e ganiu, desta vez com tom escandaloso. O atendente era mais esperto e conseguiu frear sua corrida antes de se encontrar com a mesa. Cacos de vidro se espalhavam por todo o chão. Lamentei pelo Trotsky não ter se ferido em um deles. O atendente alcançou uma vassoura reclinada ao lado da porta do banheiro e começou a gritar como se fosse um guerreiro mongol conquistando algum reino sofrido asiático. Tomei uma cacetada no braço pois tentei me defender. Como doeu. Mas tive a frieza de pensar que não poderia gritar. Não eu, o homem violento do Cambuci. Cerrei meus dentes exibindo ódio e me joguei contra o pobre diabo. Eu me sentia vivo, meus braços estavam leves, anestesiados pelo ódio. Finalmente aprendi a brigar.
- Por favor, por favor! Não me bata! – o atendente estava caído no chão em posição vexatória.
- Eu vou te currar as orelhas! – não sei de onde tirei essa frase, mas soou bastante agressiva.
- Por favor, leve o que quiser, mas não me espanque! Oh, meu Deus!
- Eu não quero nada desse bar maldito! Apenas jure que nunca mais vai tentar agredir um cliente! – sempre quis fazer alguém jurar em estado de humilhação.
- Eu juro! Eu juro! – o atendente estava de joelhos. Percebi que havia um corte na parte calva de sua cabeça.
- Que Deus tenha misericórdia da sua alma. Ponha-se em pé, seu vadio – eu estava soberbo em meu papel de senhor das ruas.
O atendente levantou-se e prontamente correu para trás do balcão. Olhei para a jukebox e resolvi  procurar por uma boa canção. Procurei no arquivo da máquina por algum disco conhecido. Apenas apareciam álbuns de forró. Malditos nordestinos que estão morando perto do Largo do Cambuci. Todos os porteiros dos prédios e vigias de lojas da região estão bebendo nesses botecos. Comecei a me irritar com a jukebox. Encaixei um bom murro no equipamento e olhei para trás, verificando a situação do bar. O Trotsky estava sentado no chão, sem ânimo para nada. Um farrapo de gente. O atendente permanecia atrás do balcão, manipulando um pote de vidro cheio de ovos cozidos, rosados e em conserva. Um nojo só.
- Não tem música decente nessa jukebox, caralho? – intimei o pobre atendente que escolhia as palavras para me responder.
- A... A... A ma... maioria é forró. Ma... Mas tem coisa bo... boa sim – o homem sofrido gaguejada constrangido. Senti uma leve pena.
- Qual é o seu nome?
- Carlos. Mas me... me chamam de Ca... Carlão – e continuava gaguejando com seu triste sotaque de pernambucano.
- Carlão? Pra mim é Carlinhos – menosprezei seu apelido e apontei para os cigarros expostos numa estante na parede atrás do balcão – Carlinhos, me jogue um maço de Lucky Strikes vermelhos.
Ele rapidamente trouxe até a jukebox, com um cinzeiro limpo. Agradeci o fraco homem com um leve toque em seus ombros. E voltei a procurar um bom álbum na merda da jukebox. Depois de alguns segundos de pura atenção, achei uma preciosidade: Nelson Gonçalves. Meus nervos se acalmaram e escolhi a música “Negue”. Aquele compasso de bolero começou a preencher todos os espaços da espelunca. Dei um sorriso e acendi um cigarro.
- Agora você vai ouvir uma boa cantiga, Carlinhos. Nada de risca-faca nessa porra.
Ele ficou em silêncio, sem reação. Continuou seu trabalho. Trotsky permanecia sentado. Achei aquela cena ridícula.
- Trotsky, levanta daí, seu miserável, ou vou te erguer em meio a pontapés! – meu esporro foi imponente e enérgico.
O deplorável marmanjo levantou-se e procurou uma cadeira. Joguei dois cigarros para ele e o isqueiro. Mandei ele devolver depois.
Nem percebi que a noite já havia chegado. Fui para fora do boteco verificar a avenida. A Lins de Vasconcelos estava cada vez mais movimentada. Pessoas não paravam de passar na calçadas. Carros cada vez mais bonitos passeavam pelo asfalto novo que se prolongava por quilômetros. Voltei ao bar e sentei  numa cadeira, cruzando minhas pernas. Ergui meu rosto e passeei meu olhar por todo o boteco.
- Cavalheiros, isso que é música! – ergui meu copo de cerveja – Carlinhos, pegue uma cerveja para beber. Sou generoso. Sou mau, mas generoso! E não esqueça de servir o Trotsky.
Ele me obedeceu e serviu os copos. Preencheu o que faltava no meu e foi para trás do balcão.
- Só mais uma coisa, Carlinhos. Isso é uma espelunca, mas nada justifica essa baderna toda. Quero esse lugar arrumado! E é pra hoje, seu picareta!
- Sim senhor.
Resolvi que frequentaria aquele bar daquele momento em diante. A jukebox precisava de uns ajustes, mas o preço da cerveja estava decente e o Carlinhos era um pelego frustrado e cabisbaixo. Sobre o Trotsky, bem, darei um jeito de fazê-lo frequentar aquela espelunca. Depois que ele tatuar meu nome no rabo, é claro.
De repente um toque de relógio começou a soar. Cada vez mais alto e irritante, como se fosse uma sirene de bombardeio. Olhei para os lados e Trotsky não estava mais lá. Carlinhos evaporou e o som do relógio era cada vez mais insuportável. Minha cabeça estava por explodir.
- Alguém pare com essa porra! Vou espancar o dono desse relógio! EU VOU MATAR O MALDITO DONO DO RELÓGIO!
Quando percebi, estava em minha cama, tonto e confuso. Levantei em um pulo e corri para o banheiro. Me olhei no espelho e toquei em meu rosto. A barba estava por fazer e meu cabelo estava amarrotado. Voltei para a cama e o relógio ainda tocava. Como um soco, veio a percepção: eu sonhei com tudo aquilo. Dei um murro no relógio e praguejei. Senti uma frustração terrível e abaixei a cabeça. O rosto do Trotsky e do Carlinhos ainda voavam pela minha mente.
- Trotsky, seu comunista safado. Se você existisse, eu acabaria com sua raça! – quando ergui meu rosto, minha cabeça latejou. Ressaca.
Fechei a janela do quarto e acendi um cigarro. Busquei dois comprimidos de Anador e os tomei. Pensei no covarde do Carlinhos e no respeito que conquistei à base da violência gratuita.
- Diabos, ao menos venci uma briga em sonho. 
Deitei na cama e esperei o sono voltar.