quinta-feira, dezembro 20, 2007

A Dança da Ambição

O universo dança um maldito balé ao som da oitava sinfonia de Mahler. Suavemente se desenrola, abrindo sua maldita sacola de surpresas e lançando ao ar brilhantes diamantes que aumentam nossa ambição, para nos fazer podres hienas, sorridentes, que não sabem do que rir. Apenas mostramos nossos dentes, em sinal de desdém em relação a vida. A neurose espontânea e constante nos embaraça ao nos entrelaçar junto a vida, num nó apertado, como de marinheiro que navega por mares distantes, não distantes da família, mas de seu vício: as ruas. Ruas essas que conduzem largos passos de ninguém. O ninguém que pode ser você, batendo pernas em meio a uma piscina de lama ambiciosa. Aquela ambição brilhante como diamante. Será que tem valor? Seria um zircônio?

Nós não podemos, ó Deus, nós não podemos!

Abre seu peito, incrível mestre platinado. Abre seus olhos, mentor incandescente. Os caminhos não são o que você parece, pupílo, pupíla dos meu olhos. Saiam vapores da madrugada, ganhem suas vias, aqueçam os vermes que se aglutinam e se amontoam em meio à falsa, à zircônica calma de alguns minutos onde ninguém ambiciona. Onde o sono cobre por instantes o vigor do querer.

Te quero, te desejo. Você é minha ambição. O infinito não é mais sem fim, graças a você.

Violinos, dilacerem minhas veias coronárias, obstruam o oxigênio. E o balé que agora meu sangue dança, ainda ao som da oitava sinfonia de Mahler, se torna cada vez mais dramático enquanto a previsão de minha morte se desenha em papéis opacos e obscuros. Ah vida! Como sinto sua falta aqui na terra de ninguém. Aqui na terra de você. Como sentirei falta de vocês, meu amigos.

Até terminar, seremos assim. Não pare a luta, carneiro de ouro. Muitos ainda hão de se prostar diante de sua imagem de distração. Nem vinte mandamentos segurariam um povo tão ambicioso. A ambição de trair, a ambição de conquistar terras de um dono que não conhecem. Nem trinta mandamentos, Deus, nem trinta. E Canaã está distante, EU SOU!

Somos amaldiçoados por um mal que não sabemos de onde veio.

Lúcifer, de onde você surrupiou o mal?