quarta-feira, junho 04, 2008

Pré-morte

Envelhecendo, eu estou envelhecendo
E o meu peito não é mais aquele de outrora
É negro, frio e doente
Antes eu corria, sorria, brilhava
Meus vinte e poucos anos não são dignos de presunção
Quando eu tinha oito anos, pensava nos meus dezoito
Servindo o exército e comendo maça no sofá
Meus dezoito anos já passaram
E eu servia uma mulher e comia a maçã podre da vida
Eu não sei o que fazer
Eu me prendi demais às vaidades
Eu não sei escapar
Bem, eu sei o que fazer
Preciso escapar
Então o lamento é outro:
Não sei escapar

Sou um covarde
Um fracasso coberto de vaidades
Vaidades filhas de putas
Vaidade, tudo é vaidade

Eu nunca mais vou correr
Eu nunca viverei na época em que deveria ter vivido
Eu não vejo lugar para mim nesse mundo
Eu queria poupar o mundo de minha existência
Mas sou covarde demais para recepcionar a morte