Uma lacuna de ar em meus brônquios, após um banho pra me renovar após uma chuva devastadora.
Pânico.
- Liga pra minha mãe! Vai logo!
O ar vai acabando, acabando. Tudo adormece, os braços, as mãos, a nuca, as orelhas. Tudo estremece como um formigueiro remexido.
- Preciso descer, preciso andar um pouco!
As pessoas passam horrorizadas ao ver a cena: um homem batendo no peito, olhando para baixo, curvado, vencido pelo medo da morte. As pernas dormentes ameaçavam não obedecer, o tempo passava e nada acontecia. Apenas o coração ameaçava explodir a cada minuto que passava. Nenhum suor. Ergo o rosto e vejo no interior de um carro em movimento o rosto assustado de minha mãe. Entro correndo (ou me arrastando, não sei) e me acomodo. As pernas não param de balançar.
- Cara, eu já passei por isso, é sério. Todos esses sintomas são ansiedade, isso é crise de ansiedade. Fica tranquilo, cara.
- Não consigo, na boa. Meu rosto tá ficando dormente, minha boca!
São Paulo estava num temporal maldito e o trânsito correspondia às expectativas. Parado como um monumento. Monumento à desordem, ao caos, à desconsideração com o povão. Em quinze minutos chegamos ao hospital. Tive que descer do carro no meio do trânsito e caminhar um quarteirão até o hospital. Eu sabia que não chegaria tão cedo até lá. A ponta das orelhas estava dormente e um lapso de desmaio tomou conta da minha cabeça. Puxei o ar e continuei andando. Chegamos ao hospital e corremos direto para a doutora que observava tudo com uma frieza confortadora. Cada palavra calculada dela amenizava meu desespero. A pressão estava boa. O coração acelerado, mas nada demais. Diazepan para acalmar e quinze minutos para que o remédio fizesse efeito. Gel de eletrocardiograma no meu peito e o resultado: nada de incomum. Apenas uma elevação que deveria ser observada para desencargo de consciência.
Sai do hospital aos tropeços por causa do tranquilizante.
Bem-vindo ao maravilhoso mundo da ansiedade.
quarta-feira, março 18, 2009
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