eu não sei se são crises
é morte
é lá e cá
ela está aqui dentro, aí dentro, fora de tudo
a música foi roubada por ela
as risadas das ruas
a confiança da segunda-feira
a noite de um valente
o levantar de um desempregado
idiota, você existe
eu sei que rasteja
atrás de um negligente
de um fraco
do corpo que repousa na lona
te abraço e o convite vem
convite à dança
de uma banda de alucinados
ébrios errantes em notas desorganizadas
danço com a morte
e ela não me causa espanto
se me tocar, te abraçarei
e se me deixar voltar para casa
caminharei traçando planos
e dormirei em paz
pois inevitável é
iminente, já não sei
se eu danço com a vida?
todos os dias me faz companhia
pode não ser a mais bonita das damas
mas faz o meu tipo
vida, sou tarado por você
domingo, agosto 24, 2008
quarta-feira, agosto 20, 2008
Menino-Homem
quando o homem percebe
"esse é o meu erro"
e quando percebe também
"essa é a solução"
e ainda mais quando percebe
"eu tenho preguiça"
quem poderá adentrar o abismo?
quem endireita a coluna do homem
estufa seu peito e o empurra?
todo começo de ano letivo
era uma nova escola
novos rostos, mesmas coisas
coisas de menino-homem
vigiar, conversar, tentar ser melhor
erguer a vista e se apresentar à sala
"meu nome é tal, estudava em tal escola"
ah! como o caminho até a carteira era longo
olhares veteranos de meninos-homens
meninas-mulheres
que dois dias depois mexiam no meu cabelo
"queria ter um cabelo desses"
meninas-mulheres de cabelo crespo
ensebados em inveja e curiosidade
o recreio começava e não tinha dinheiro para o lanche
pedir para um colega? nem pensar
passar vontade, esse era o estilo de vida
jogar bola, driblar e ser derrubado
levantar e aceitar a provocação
covardia, esse era o estilo de vida
voltar à aula com a testa suada, barriga vazia
mente sem ânimo, "garoto, você é muito burro"
passar em branco, esse era o estilo de vida
voltar para casa, coluna curvada, pisando em folhas secas
esperar o jantar, comer e depois brincar
ser moleque, esse era o estilo de vida
quem pode voltar e endireitar?
quem poderia alertar o menino-homem?
"não faça isso, não faça aquilo"
nem um anjo do Senhor poderia fazê-lo
eu poderia ser melhor, se tivesse a receita
mas a minhas mãos grandes e finas
não sabiam nem tocar um piano
ontem não existia glória
hoje muito menos
mas amanhã, o que espera?
vai ter com a formiga, ó preguiçoso
hoje eu entendo o provérbio
a advertência
mas quem pode erguer o menino-homem?
quem pode fazê-lo dançar
conforme a dança magnífica dos anjos?
o vai e vem de asas causa nauseas
ora, somos humanos
meninos ou homens
somos peste, a origem do arrependimento
o asco das rochas, a vertigem das árvores
somos apenas isso, humanos
super-homem? nietzsche, você estava louco
o que não me mata, me debilita
jamais me fortalece
posso emprestar de ti essa loucura?
e quem poderá endireitar
aquilo que foi criado para morrer?
passos e mais passos
quando o menino-homem olha para trás
diabos, não há pegadas!
apenas aves de rapina maliciosas
inventando desdém
idiotas, pensam que me enganam?
você lembra?
passar em branco, esse era o estilo de vida
ainda é
"esse é o meu erro"
e quando percebe também
"essa é a solução"
e ainda mais quando percebe
"eu tenho preguiça"
quem poderá adentrar o abismo?
quem endireita a coluna do homem
estufa seu peito e o empurra?
todo começo de ano letivo
era uma nova escola
novos rostos, mesmas coisas
coisas de menino-homem
vigiar, conversar, tentar ser melhor
erguer a vista e se apresentar à sala
"meu nome é tal, estudava em tal escola"
ah! como o caminho até a carteira era longo
olhares veteranos de meninos-homens
meninas-mulheres
que dois dias depois mexiam no meu cabelo
"queria ter um cabelo desses"
meninas-mulheres de cabelo crespo
ensebados em inveja e curiosidade
o recreio começava e não tinha dinheiro para o lanche
pedir para um colega? nem pensar
passar vontade, esse era o estilo de vida
jogar bola, driblar e ser derrubado
levantar e aceitar a provocação
covardia, esse era o estilo de vida
voltar à aula com a testa suada, barriga vazia
mente sem ânimo, "garoto, você é muito burro"
passar em branco, esse era o estilo de vida
voltar para casa, coluna curvada, pisando em folhas secas
esperar o jantar, comer e depois brincar
ser moleque, esse era o estilo de vida
quem pode voltar e endireitar?
quem poderia alertar o menino-homem?
"não faça isso, não faça aquilo"
nem um anjo do Senhor poderia fazê-lo
eu poderia ser melhor, se tivesse a receita
mas a minhas mãos grandes e finas
não sabiam nem tocar um piano
ontem não existia glória
hoje muito menos
mas amanhã, o que espera?
vai ter com a formiga, ó preguiçoso
hoje eu entendo o provérbio
a advertência
mas quem pode erguer o menino-homem?
quem pode fazê-lo dançar
conforme a dança magnífica dos anjos?
o vai e vem de asas causa nauseas
ora, somos humanos
meninos ou homens
somos peste, a origem do arrependimento
o asco das rochas, a vertigem das árvores
somos apenas isso, humanos
super-homem? nietzsche, você estava louco
o que não me mata, me debilita
jamais me fortalece
posso emprestar de ti essa loucura?
e quem poderá endireitar
aquilo que foi criado para morrer?
passos e mais passos
quando o menino-homem olha para trás
diabos, não há pegadas!
apenas aves de rapina maliciosas
inventando desdém
idiotas, pensam que me enganam?
você lembra?
passar em branco, esse era o estilo de vida
ainda é
domingo, agosto 03, 2008
Existo, Logo Morro
penso, logo existo
Descartes, sua bicha, você tinha razão
mas será que o excesso de existência
provocará explosão?
será que a cabeça inflada
por considerações e cogitações
anulará minha existência
com tanta existência?
de tanto existir, esqueço de viver
por isso que a máxima prevalece
muitos são os que existem
poucos são os que vivem
muitos pensam demais
poucos agem de verdade
o coração tremula o punho
e contra o cérebro vocifera
o cérebro altivo olha com desdém
e despreza
pensa, existe, considera, pesa na balança
mede o buraco e passa ao redor
abraça o passado e despreza o futuro
e despreza
a roda da vida parou
porque resolvi existir
porque resolvi pensar
porque não sei agir
não sei sorrir
e nunca mais chorei
por você
por eles
por mim
o homem que existe, não chora
porque esquece
mas aquele que vive, sorri
porque lembra
lembra sem pensar
lembra pra esquecer
sim Descartes, sua frase tem verdade
mas você esqueceu
não sei se por falta de tinta ou por falta de voz
existo, logo morro.
Descartes, sua bicha, você tinha razão
mas será que o excesso de existência
provocará explosão?
será que a cabeça inflada
por considerações e cogitações
anulará minha existência
com tanta existência?
de tanto existir, esqueço de viver
por isso que a máxima prevalece
muitos são os que existem
poucos são os que vivem
muitos pensam demais
poucos agem de verdade
o coração tremula o punho
e contra o cérebro vocifera
o cérebro altivo olha com desdém
e despreza
pensa, existe, considera, pesa na balança
mede o buraco e passa ao redor
abraça o passado e despreza o futuro
e despreza
a roda da vida parou
porque resolvi existir
porque resolvi pensar
porque não sei agir
não sei sorrir
e nunca mais chorei
por você
por eles
por mim
o homem que existe, não chora
porque esquece
mas aquele que vive, sorri
porque lembra
lembra sem pensar
lembra pra esquecer
sim Descartes, sua frase tem verdade
mas você esqueceu
não sei se por falta de tinta ou por falta de voz
existo, logo morro.
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