Sexta feira... estávamos na pilha pra chegar botando fogo na DJ Club. Abro meu messenger e o Benício estava lá.
- Bukowsky, vamos numa festa na casa da Cynara? Jay, vai rolar breja, umas minas... vâmo?
Putz, até hoje eu não entendo o motivo do Benício me chamar. Ele sabe que é só dizer o local e a hora que eu tô lá. Mas beleza, deve ser algo mais formal da parte dele. Foda-se a formalidade. Marcamos na estação do metrô da Consolação. O Bena queria descer a Augusta e passar pela Oscar Freire (rua burguesa de merda). Passamos e ficamos olhando aquela mulherada gostosa, com sacolas e mais sacolas nas mãos. Só grife famosa. Aquela mulherada, cheia da grana pra gastar... Nessas horas eu penso em como seria feliz tendo uma senhora pra cuidar de mim. Mas beleza, por enquanto ficamos na putaria, fazer o quê? Atravessamos a Rebouças e entramos na Teodoro Sampaio. O Fernando estava à caminho, iria nos encontrar lá.
Conversa vem, conversa vai e lá estávamos, o Hemingway e eu em frente à casa da Cynara. Tocamos a campainha e a Cynara surge com um sorriso imenso, de orelha à orelha. Bem, ela tem um semblante simpático, como dizem as porras dos hippies, auto-astral. Cabelinho curto, piercing no nariz (acho que era no nariz) e sim, um sorriso maravilhoso!! Adorei conhecê-la (ahã, eu não a conhecia!). O Bena me apresentou como Felipe e ela me deu um abraço forte, daqueles bem apertados. Senti um clima legal no ar. Chegamos lá, umas seis pessoas disputavam o pequeno espaço do sofá para assistir Trainspotting. Aquele filme é demais. Você pode assitir quatrocentas e quatorze vezes (?) que você não enjoa. Sempre encontra um detalhe inédito. Chegamos no fim do filme, tudo bem. Nos apresentamos pro pessoal, todo mundo com uma cervejinha na mão, um drink de vodka rodando nas mãos de todos... escurinho. Fiquei deitado no chão com uma puta almofada. Acendi um cigarro e fiquei na minha, em silêncio. O Bena ficava causando, falando várias coisas pra elas. Comecei a notar uma coisa: a Cynara e a Dani (uma amiga gostosa dela, muito gente fina, diga-se por passagem) têm namorados. E eles dois tem uma coisa em comum: bissexuais! E mais levados pro lado bicha, mesmo! Putz... olhei pras duas e pensei:
- Puta desperdício do caralho!
Um deles bolou um baseadinho e passou pra gente. Demos uns pegas (o Bena não) só pra relaxar. Tava tudo tranquilo, na boa. O Bena e eu saímos pra comprar mais cerveja, afinal, só faltava mais uma caixa pra acabar o estoque e claro, o desespero bate! Uma moreninha gostosinha foi abrir o portão pra gente, e nós a convidamos pra ir conosco. Ela topou e começou a conversar com o Bena. O estilo de xaveco do Bena nunca é o mesmo, talvez seja esse o motivo pelo qual as garotas não fogem, não conseguem arranjar uma desculpa pra se livrar de suas garras. Porém a Rafaela se estragou na maconha e na vodka. Ela começou a fraquejar, dentro do supermercado. De repente se apoiou em mim, e eu fui guiando a garota até a volta. Tivemos que subir algumas escadas, e ela não aguentou. Tive que sentá-la numa calçada e esperar a brisa dela passar. O Fernando ligou dizendo que já estava na região mas não sabia onde ficava a casa. O Bena passou o endereço e mandou ele se virar. Enquanto isso, eu acariciava a Rafaela, pra ver se ela se aclamava, afinal, ela tava puta da vida:
- Porra! Detesto fumar maconha! Olha como eu fico!! - gritou revoltada
- Relaxa, minha vida, essa brisa passa. Fica de boa. - respondi com calma, colocando a cabeça dela no meu ombro
- Vocês não querem ficar aí enquanto eu vou buscar o Fernando? - perguntou o Bena, preocupado com o senso de localização do Fernando
- Não jay, peraê que ela levanta aqui, só um minutinho... Com dificuldades levantei a Rafa e continuei guiando a moça.
Olha a merda em que fomos parar... hahahaha... Eu também estava na brisa, mas aquela brisa legal, relaxante.Enfim chegamos à casa da Cy, e já dava pra ver o Fernando se misturando com o pessoal lá dentro da casa.
- Fala Fê! Que bom te ver!! - falei dando um abraço nele
- E aê jão! Até que enfim chegaram!
- Putz, a mina ali ficou chapadona de erva e tivemos que trazê-la nos braços!
- O que? Erva? Onde? Porra, nem me esperaram! - mandou sem dó
- Calma, jay, o pessoal tem mais! Tá tirando? hahahaha - falei com incerteza, afinal, nem sabia quem tinha a erva
Colocamos as brejas no congelador e saímos pra nos misturarmos. Acendi outro cigarro e fiquei ali, conversando na roda, no quintal. O Fernando me mostrou os três charutos que ele trouxe (começamos a fumar charutos há um tempinho atrás). Aí um tal de Armando sacou um Volvo (charuto) e falou:- Então vocês curtem um charuto também?
- É, olha o cara, esnobando! - disse o Fernando com aquela sinceridade maldita
- Vocês estão fumando qual?
- Pimentel, é da Bahia. Muito bom, acho que é o melhor nacional. - respondi pra ele, tentando passar a impressão de que entendia do assunto
- Deixa eu provar um pouco... Baforou nosso humilde charuto.
- O Pimentel é bom, sim!
- Bom é o seu! - disse o Fernando, louco pra queimar aquela merda importada
- Vou guardar esse aqui, mas a gente fuma depois - disse Armando, enquanto escondia o charuto no bolso.
Nem fodendo que ele deixaria a gente fumar aquela merda. Não vimos nem a cor dele.Os namorados bissexuais da Cy e da Dani saíram juntos. Aí a Cy se ouriçou toda! hahahaha! Primeiro o Bena lascou vários beijos monstruosos nela. E ela adorou, porra, ela precisava de homens! Depois eu passei por ela, e ela deu um murro no meu peito! Legal! Me abraçou, depois esfregou aquela bundinha no meu pau. Porra. Quase gozei ali mesmo! haahhaha! Depois sentou no meu colo (eu estava sentado no sofá) e foi aquela maravilha. Só que o Henrique (outro bicha, mas muito gente fina) tirou a garota do meu colo! Porra! Era ali! Naquela hora! Mas não! Puta que pariu! Depois o Luis, tio da Dani enrolou outro baseado e ficamos ali, fumando, ele, uma mulher baixinha e loira, o Fernando e eu. Enquanto estávamos ali, curtindo o baseadinho, o Dengue, um amigão, bebeu mais do que podia, fumou alguns tragos de maconha e já estava no banheiro passando mal. Vomitou na privada, na pia da cozinha, no pote do liquidificador. Ele realmente estava mal, afogado nas águas da depressão alcólica, sentado na privada, no escuro. Fazer o quê? Temos que nos preparar pra tudo. Eu confesso que vejo dignidade na loucura que o álcool trás. Diabos, que papo de bebum... hahahaha!
O tempo foi se abreviando mais e mais, e não podíamos ficar mais. Nos despedimos de todos, e o Benício, com sua habilidade social, saiu elogiando o Armando, o cara do charuto importado, que passou a noite inteira fazendo batidas sofisticadas... ah! sofisticadas? A gente nem notou isso... Abraço pra lá, beijo pra cá, e algo me chamou a atenção: a Cynara me despediu com beijos no rosto, no canto da boca, no pescoço! Eu sei que não tem nada a ver... somos todos jovens e putões, mas adorei essa despedida! Acho que devo visitá-la mais... e sair mais vezes!No caminho para a DJ, eu e o Fernando conversávamos e o Benício ficava pra trás, trêbado. Ele adotou um novo apelido para mim: BUKOWSKI. Adorei, afinal, o cara é o meu ídolo! hahahaha! Só que se ele simplesmente me chamasse de Bukowski, como regularmente me chama de Pipoko, seria legal. Porém, no caminho pra DJ, ele ficava gritando com todos os pulmões possíveis:
- BUKOWSKI!!!! Você é meu irmão, Bukowski!
Eu morria de rir, o Fernando ria pra caralho... tudo estava divertido. Até que como uma mula, o Bena empacou. À vinte metros da DJ! Queria dormir na grama, na frente de um prédio comercial.
- Bena, vâmo lá, jay! Já tâmo aqui do lado... - supliquei com toda ternura
- Ô Bukowski, se vocês quiserem entrar, podem ir... vou ficar aqui dormindo... - balbuciou o Bena
- Porra Benício, você vai estragar nossa noite mesmo, jão? Porra! Vâmo lá! - Fernando implorou de modo imperativo
- Jay, eu tô dizendo. Eu tô loucão. Eu não vou entrar na DJ assim. Espera um pouco, deixa eu me recuperar! - respondeu Benício
- Ah, mano... eu não vou entrar sem você, Bena, vai se foder... vamo entrar aí! - tentei pela última vez
- Benício, caralho! Se você não entrar, eu não entro... mas também nunca mais saio com você de rolê! - Fernando ameaçou
- O caralho, mano! Se você quer ficar nervoso, eu também posso ficar! Eu já disse que eu não vou entrar na merda da DJ porque eu tô zoado, porra! Se você não quiser entrar, não entra! Agora não vem com essas ameaças não! - respondeu o Benício putasso
O meu desespero e o do Fernando se intensificava, porque dava pra ouvir o som que estava na pista. Os Ramones estavam dando o som. Blitzkrieg Bop. Enfim, conseguimos convencer o Benício a ir com a gente. Carregamos ele até a entrada da DJ. Poucos problemas depois (ele não sabia o nome dele mesmo), entramos e nos misturamos com os vermes. O Erich, a Sílvia e o Kurt estavam de saída. O Zafa e a Elisa estavam na recepção. Conversamos algumas coisas e fomos pra pista. O Benício caiu num puf e não levantou mais até o fim da balada. Gastei toda a minha comanda com água mineral. Desperdicei uma garrafinha jogando água na pista... afinal, estava tocando "Buldog Skin" do Guided by Voices... para poucos, man! Nos acabamos na pista. Eu olhava pro Fernando e nós dois, telepáticamente nos comunicávamos... sabíamos que ninguém se divertiu e causou tanto quanto a gente naquela noite.
terça-feira, janeiro 24, 2006
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