o presente é um presente de grego
um cavalo de tróia
uma armadilha barata
e não dou confiança pra ela
tudo que eu tinha que fazer
é pensar nele
pois é ele que está presente
mas prefiro olhar para o futuro
igual minha teimosia em olhar
para aquela que não mer quer
do jeito que quero que me queira
aí olho para trás e remexo velhos baús
rasgo velhas feridas
desejo a velha máquina
que me faria corrigir velhos erros
fantasio com traças e me atenho à ferrugem
me esbaldando com tesouro que some
assim como somem pessoas
assim como some o sentido das coisas
eu queria abrir o presente e me satisfazer
mas sou insensato
não abro o presente, guardo-o
como um monumento ao meu desespero
como uma homenagem morta ao medo
medo de que os sonhos morram
e os planos esfarelem
se Deus alimenta os pássaros e veste os lírios
só peço a Ele que me faça esquecer
o ontem e o amanhã
engraçado, há poucos anos eu amava presentes
e amanhã, será que voltarei?
(tá vendo? já tô olhando pro futuro de novo)
quarta-feira, abril 01, 2009
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