eu não tinha coragem, ó morte
mas a senhorita a tem sobrando
senhorita sim
virgem, mal-amada, amarga e enegrecida
virgem por desgraça
mal-amada por opção
amarga por vocação
e enegrecida por consequência
não havia sofá ou uma cadeira para teu agrado
mas a senhorita cá está, em pé
em minha casa, meu lar, meu refúgio
exala cheiro de falta de estrada
falta de caminho
falta de ar
em ti vejo o último abraço
meus lamentos
e minhas últimas pretensões
desgraçada mãe da saudade
deixe que eu faça um último apelo
ninguém nunca goza de tempo
algumas últimas palavras
víbora banhada em desalento
amigos, divulguem o que criei;
amor, você foi a única;
mãe, queria ter aproveitado você
bem mais do que uma simples infância;
pai, queria ter entendido você;
irmãos, eu os amo de verdade.
ao resto, deixo a fiel descrição do rosto da morte:
(expirei)
terça-feira, junho 17, 2008
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3 comentários:
relacionamento insano, não?
nem sei o que falar direito, hombre. tudo muito chocante, próximo e o detalhe mais brilhante do final: a face de uma morte sem imagem, sem verbo... apenas gestual.
tá demais, meu filho!
gestual, e os ultimos versos seriam abraços(tímidos) no meu caso.
Tu tens o dom meu amor, me encanta.
Um beijo,saudades de ti.
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