Em parte detesto levar minha cadela pra passear. Não pela preguiça, nem pelo horário deveras tarde... não, não. Não é nada disso. É até divertido dizer "vâmo passeá?" pra ela e vê-la pular, girar e correr atrás da coleira. É recompensador saber que um ser te aguarda em casa pra levá-lo para passear. É embaraçoso saber que numa casa de 5 pessoas, a única pessoa que tem o hábito de sair pra passear com a Meg (cadela), sou eu. Mas vamo que vamo: por que eu detesto, em parte, levar a Meg pra passear? Bem, todo mundo sabe do costume dos cachorros, sim, aquilo de ficar cheirando o cu, os bagos, a buceta um do outro... porra, até aí tudo bem, os animais têm essa putaria inocente embutida em seu sangue, deixa quieto. Mas quando se aproxima outro animal acompanhado por um humano, putz, aí a coisa complica. Se o cumprimento é rápido (o que não deixa de ser um ato cordial e educado), tudo bem. Mas quando o humano quer te "cheirar o rabo" com aquele papo furado de donos de cachorros, porra, minha alma enegrece. Principalmente quando aquelas VELHAS esquecidas pelo diabo (que ainda não as carregou) cruzam meu caminho, geralmente com aqueles poodles sofridos, aí sim, o passeio se torna um martírio, uma sofrível via crucis, bem na minha vizinhança.
- É macho? - pergunta a velha com cara de cu fodido
- Não, é fêmea - respondo eu, ao invés de ficar quieto
- Ah, que bom! O meu é macho, dá pra se cheirarem
PORRA! E por que é 'bom'? Por que dizer 'que bom'? Ela ganha algo com isso? Logo em seguida vem aquele papo:
- Quantos anos ela tem?
- 6.
- Ah, já tá velhinha...
- Nem tanto... (e olhos pras rugas dela pensando se ela vê todo mundo como uma corja de velhos)
-A minha tem 12 anos. (percebo ao ver o espírito sofrido e vivido daquele pobre canino peludo)
Esse mesmo canino peludo vai pra cima da Meg querendo cheirar suas partes íntimas. Mas a Meg tem um sério problema com machos (se bem que um dia o poodle [finado] do meu tio tentou traçá-la no meio de uma festa de família, sim, os dois escondidos... ainda bem que flagrei o ordinário tentando deflorar minha donzelinha peluda e dei tanta bronca, que minha cadela não sabia onde por a cara). Ela simplesmente não admite machos cheirando seus fundilhos. Ela rosna ou morde a cara, sem piedade. E eu sempre assisto a selvageria da minha 'filha' com orgulho da garota. Mas voltando à velha, porra, eu fico indignado, pois enquanto o cachorro velho tenta cheirar minha cadela, a velha tenta cheirar meu saco, meu cu, com aquela conversa idiota e cotidiana que mais parece uma hemorróida ensangüentada no cu de um mexicano. Eu não gosto de falar sobre minha cadela, não gosto de abrir sua intimidade com pessoas da rua, muito menos para uma velha que perdeu o gosto da vida e reduziu o seu mundo a um quarteirão, onde ela passeia com o puto do cachorro 90 vezes ao dia, tentando conversar com alguém, tentando dar uma giratória na cara da solidão. Pobre velha. Foda-se, velha.
O bacanal comunicativo termina com a Meg mordendo a cara do poodle. Abaixo minha cabeça lentamente (afinal, eu já esperava isso) e vejo aquele 'cachorro-naftalina' gritando e se afastando da minha brava e lésbisca cadela. A velha sai a passos lentos na direção que eu ía seguir. Acendo o cigarro, agacho e agradeço a Meg pela braveza, ponho o jazz pra rolar no iPod e pego o caminho inverso dela, nem que seja o caminho mais longo.
terça-feira, agosto 07, 2007
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